Enem 2021 - Primeiro Dia Caderno Azul - Aplicação Regular

  • TEXTO I

    HAZOUMÉ, R. Nanawax. Plástico e tecido. Galerie Gagosian, 2009.
    Disponível em: www.actuart.org. Acesso em: 19 jun. 2019.

    TEXTO II

    As máscaras não foram feitas para serem usadas; elas se concentram apenas nas possibilidades antropomórficas dos recipientes plásticos descartados e, ao mesmo tempo, chamam a atenção para a quantidade de lixo que se acumula em quase todas as cidades ou aldeias africanas.

    FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).

    Romuald Hazoumé costuma dizer que sua obra apenas manda de volta ao oeste o refugo de uma sociedade de consumo cada vez mais invasiva. A obra desse artista africano que vive no Benin denota o(a)

  • Comportamento geral

    Você deve estampar sempre um ar de alegria
    E dizer: tudo tem melhorado
    Você deve rezar pelo bem do patrão
    E esquecer que está desempregado

    Você merece
    Você merece
    Tudo vai bem, tudo legal
    Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
    Se acabarem com teu carnaval

    Você deve aprender a baixar a cabeça
    E dizer sempre: muito obrigado
    São palavras que ainda te deixam dizer
    Por ser homem bem disciplinado

    Deve pois só fazer pelo bem da nação
    Tudo aquilo que for ordenado
    Pra ganhar um fuscão no juízo final
    E diploma de bem-comportado

    GONZAGUINHA. Luiz Gonzaga Jr. Rio de Janeiro: Odeon, 1973 (fragmento).

    Pela análise do tema e dos procedimentos argumentativos utilizados na letra da canção composta por Gonzaguinha na década de 1970, infere-se o objetivo de

  • Se for possível, manda-me dizer:
    — É lua cheia. A casa está vazia —
    Manda-me dizer, e o paraíso
    Há de ficar mais perto, e mais recente
    Me há de parecer teu rosto incerto.
    Manda-me buscar se tens o dia
    Tão longo como a noite. Se é verdade
    Que sem mim só vês monotonia.
    E se te lembras do brilho das marés
    De alguns peixes rosados
    Numas águas
    E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
    — É lua nova —
    E revestida de luz te volto a ver.

    HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.

    Falando ao outro, o eu lírico revela-se vocalizando um desejo que remete ao

  • Introdução a Alda

    Dizem que ninguém mais a ama. Dizem que foi uma boa pessoa. Sua filha de doze anos não a visita nunca e talvez raramente se lembre dela. Puseram-na numa cidade triste de uniformes azuis e jalecos brancos, de onde não pôde mais sair. Lá, todos gritam-lhe irritados, mal se aproxima, ou lhe batem, como se faz com sacos de areia para treinar os músculos.

    Sei que para todos ela já não é, e ninguém lhe daria uma maçã cheirosa, bem vermelha. Mas não é verdade que alguém não a possa mais amar. Eu amo-a. Amo-a quando a vejo por trás das grades de um palácio, onde se refugiou princesa, chegada pelos caminhos da dor. Quando fora do reino sente o mundo de mil lanças, e selvagem prepara-se, posta no olhar. Amo-a quando criança brinca na areia sem medo. Uns pés descalços, uma mulher sem intenções. Cercada de mundo, às vezes sofrendo-o ainda.

    CANÇADO, M. L. O sofredor do ver. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

    Ao descrever uma mulher internada em um hospital psiquiátrico, o narrador compõe um quadro que expressa sua percepção

  • Falso moralista

    Você condena o que a moçada anda fazendo
    e não aceita o teatro de revista
    arte moderna pra você não vale nada
    e até vedete você diz não ser artista

    Você se julga um tanto bom e até perfeito
    Por qualquer coisa deita logo falação
    Mas eu conheço bem o seu defeito
    e não vou fazer segredo não

    Você é visto toda sexta no Joá
    e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
    Fim de semana você deixa a companheira
    e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira

    Segunda-feira chega na repartição
    pede dispensa para ir ao oculista
    e vai curar sua ressaca simplesmente
    Você não passa de um falso moralista

    NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo: Eldorado, 1979.

    As letras de samba normalmente se caracterizam por apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas

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